A agonia da democracia
...Ironicamente a Democracia é o único regime político existente que permite os antidemocratas acender ao poder para destrui-la.Falando em nome dela, da liberdade e usando suas ferramentas como armas de ataque.
No ano de 1947, na Inglaterra, na Câmara dos Comuns, Winston Churchill teria dito uma frase assim: a democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as demais formas que têm sido experimentadas ao longo da história.
Como afirmou o filosofo Steven Levitski em seu livro Como morrem as democracias, “uma das grandes ironias de como as democracias morrem é que a própria defesa da democracia é muitas vezes usada como pretexto para a sua subversão”.
A ampliação do número de pessoas para ocupar poder termina por permitir acesso inclusivedaqueles que não tem conhecimento suficiente e não possuem capacidade ou credenciais para ocupar cargos.O processo eletivo termina por conduzir ao poder pessoas ignorantes aos ditames do cargo e ai vai exercer de modo atabalhoado funções que necessitam de especialidades refinadas.
A ignorância enquanto poder político é uma substância abortiva que, quando não elimina de vez, causa deformações irreparáveis na democracia. Entenda ignorância aqui como alguémque que ignora o cargo por não ter conhecimento, cultura, por falta de estudo, experiência ou prática para ocupar o cargo para o qual foi eleito ou posto por indicações de partidos ou grupos de pressão.
Sedentos de poder passam a sacar as armas do amedrontar, criar pânico, através de invencionices e mentiras. Pois sabem que a mentiraéferramenta poderosa nas mãos dos incompetentes na hora degovernar. A necessidade de serem heróis ou salvadores da pátriafaz com que os“Aspirantes a autocratas costumam usar crises econômicas, desastres naturais e, sobretudo, ameaças à segurança nacional e das pessoas, guerras, insurreições armadas ou ataques terroristas para justificar medidas antidemocráticas”,Steven Levitsky.
Do outro lado sabemos que na democracia não precisa saber para ocupar o poder e nem ter conhecimento de causa para fazer as escolhas (votar).Como afirma Steven Levitsky, “os cidadãos muitas vezes demoram a compreender que sua democracia está sendo desmantelada – mesmo que isso esteja acontecendo bem debaixo do seu nariz”.
Quando alguém é eleito ele ou elanão fica inteligente ou capaz só pelo fato de ter recebido votos.A este apenas é concebido o exercício de poder com status de autoridade e assim usar prerrogativas do cargo. Ao contrário, se este é um ignorante, ele vai potencializar as sandices para justificar cada ação, passará a usar de mentiras (fake News) e assombros criando monstros e inimigos para cegar os que ainda acreditam em sua utilidade, seja para permanecer no poder ou para voltar a ele.
Com isso entendemos que a ignorância é um perigo para a democracia, uma vez que o exercício de qualquer poder exige “tamanho” para ocupá-lo, que é medido pelo tripé: conhecimento, responsabilidade e liturgia que cada função exige. A ausência de qualquer um destes requisitosfaz o gestor da função gerar anomalias que muitas vezes levam séculos para sersuperada, isso quando é superada. O jeitinho à brasileira é uma destas anomalias que remonta aos governos gerais ainda do Brasil colônia do século XVI e ainda vigente em boa parte da população.
Sabemos que “as democracias funcionam melhor e sobrevivem mais tempo onde as constituições são reforçadas por normas democráticas não escritas (...): a tolerância mútua, ou o entendimento de que partes concorrentes se aceitem umas às outras como rivais legítimas, e a contenção, ou a ideia de que os políticos devem ser comedidos ao fazerem uso de suas prerrogativas institucionais”,Steven Levitsk. Não somente no Brasil a democracia agoniza, porque a ignorância não tem fronteira!