Nova era na capital
Abilio Brunini desbanca Lúdio Cabral e é eleito novo prefeito de Cuiabá
Lucas Bólico/ Olhar Direto
27/10/2024 - 16:59
Foto: Reprodução
O deputado federal Abilio Brunini (PL) é considerado matematicamente eleito o futuro prefeito de Cuiabá. O candidato superou o adversário Lúdio Cabral (PT), após uma das mais acirradas disputas políticas da capital dos últimos anos, em uma polarização que refletiu as tensões nacionais entre o campo bolsonarista e lulista, apesar dos esforços do candidato Lúdio Cabral em tentar fazer da eleição municipal um debate local.
Abilio terá como desafio administrar uma cidade herdada de seu maior adversário político, o atual prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que teve uma gestão alvo de repetidas operações policiais, com foco na saúde. Essa pasta, aliás, foi alvo de intervenção estadual determinada pela Justiça. De acordo com o TCE, a atual gestão deve deixar um rombo bilionário nos cofres da Prefeitura de Cuiabá.
Essa foi a segunda vez que Abilio Brunini disputou a prefeitura de Cuiabá. Ele entrou para a política em 2016, quando se elegeu vereador por Cuiabá. O mandato marcado pela forte oposição a Emanuel Pinheiro o cacifou para disputar a Prefeitura quatro anos depois, em 2020. Naquela eleição, Abilio foi ao segundo turno contra Emanuel, tendo sido o mais votado no primeiro tuno, mas levou uma virada histórica e perdeu no segundo turno.
O próprio Abilio disse que aprendeu com os erros cometidos na campanha passada, tentando não repeti-los. O candidato “repaginou” seu perfil, tido como polêmico e brigão. Nesta disputa, encarnou o homem popular, que comia ‘baguncinha’ nas ruas da cidade e pedia votos nos sinais de trânsito. Se há quatro anos rejeitou apoios importantes no segundo turno, como do governador Mauro Mendes (União), dessa vez não só aceitou a mão estendida pelo chefe do Paiaguás, como gravou vídeo ao lado de Mendes e publicou em suas redes sociais.
Abilio é formado em arquitetura e urbanismo, exerceu um mandato como vereador, no qual chegou a ser cassado pelos pares, mas reverteu o caso judicialmente. Em 2020 perdeu a disputa pela Prefeitura de Cuiabá e dois anos depois se elegeu deputado federal, com grande destaque na Câmara Federal por conta de polêmicas e bate-bocas. Além de vencer a Prefeitura, neste ano elegeu a esposa, Samantha Iris (PL), a vereadora mais votada em Cuiabá.
Nas próximas semanas Abilio começa a pensar na montagem da equipe de transição e no futuro secretariado.
Confiança horas antes
Abilio Brunini votou na manhã deste domingo e se mostrou confiante. Ele disse que não viu nas ruas crescimento de seu adversário, mostrado por alguns institutos.
“Eu não vi esse crescimento. Todo lugar que a gente foi, nas ruas que a gente passou, eu não vi esse crescimento. Onde a gente passou, a gente viu o povo abraçando a gente. Se mostrando positivamente. A rua está diferente dos números”, disse Abilio Brunini.
“Foi muito intenso, muito corrido. A gente fez campanha, faça sol, faça chuva, literalmente. Então foi bem puxado. Sou grato a deus, tem aquele versículo que diz ‘até aqui o senhor me ajudou’, eu levo ao pé da letra, ‘até aqui o senhor nos ajudou’”.
“Estou confiante, a gente chegou até aqui, foi muito difícil. O resultado, espero que seja positivo para a gente”.
Apoios em disputa
Na disputa por apoios nete segundo turno, Abilio levou a melhor. Além de seus colegas de partido, ele acumulou apoio da maioria das lideranças que estavam com Eduardo Botelho (União), como o governador Mauro Mendes (União), vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) e o secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia.
A soma desse trio chamou a atenção porque o anúncio da maioria aconteceu menos de 24 horas com o fim do primeiro turno.
Além das lideranças do Paiaguás, Abílio tem a maioria da bancada de Mato Grosso no Congresso Nacional. Dos oito deputados federais, além dele, Abilio tem em seu palanque parceiros de partidos como Nelson Barbudo, José Medeiros e Coronel Fernanda, além de Coronel Assis (União). No Senado, ele tem Wellington Fagundes (PL) como apoiador.
No Legislativo, o liberal conta com suporte com o bloco de seu partido, como Cláudio Ferreira, Elizeu Nascimento e Gilberto Cattani. Ele tem também auxílio do seu colega de Câmara dos Vereadores, Diego Guimarães (Republicanos), Sebastião Rezende (União) e Faissal Calil (Cidadania).
Do Legislativo cuiabano, Abilio tem o suporte de quase da maioria dos vereadores. Estão no palanque dele, a bancada de seu partido Chico 2000 e Fellipe Corrêa, quatro do União Brasil: Dr Luiz Fernando, Dilemário Alencar, Cezinha Nascimento e Michelly Alencar. Demilson Nogueira (PP), Eduardo Magalhães (Republicanos), Kássio Coelho (Podemos), Sargento Joelson (PSB) e Wilson Kero Kero (PMB) também anunciaram que irão auxiliar o liberal.
Além disso, durante sua campanha de segundo turno, o candidato contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), maior liderança da extrema-direita, para consolidar o apoio na cidade que é considerada reduto bolsonarista.
Lúdio Cabral chega com poucos apoios anunciados. Durante o primeiro turno, ele não teve apoio de lideranças do PV que preferiram estar no palanque do candidato do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), Domingos Kennedy. No entanto, ele teve em seu palanque a presença, quase que constante, do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que tem a sua filha, Rafaela Fávaro (PSD), como vice na chapa.
No segundo turno, o cenário se repetiu. Apesar de ser vice-líder do presidente Lula na Câmara Federal, Emanuelzinho (MDB), não manifestou apoio ao petista e nem pediu votos. Na Assembleia Legislativa, além do presidente do seu partido, Valdir Barranco, Lúdio tem o apoio anunciado do ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSD).
Os vereadores Adevair Cabral (Solidariedade), Mário Nadaf (PV), Robinson Cireia (PT), Lemes (PSD), suplente de Jeferson Siqueira (PSD), Dídimo Vovô (PSB) e Marcus Brito Júnior (PV) anunciaram estarem do lado do petista.
Durante o segundo turno, Lúdio teve o reforço do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para tentar trazer um grupo novo ao eleitorado do candidato, como empresários e produtores.